terça-feira, 31 de março de 2009

Na Estrada SP

"Na Estrada - SP" é um projeto com o objetivo publicar um livro, website e uma exposição sobre a vida e o cotidiano dos caminhoneiros no estado de São Paulo. As fotos são de Ricardo Ferreira e Melina Resende, com pesquisa e texto de Murilo Lisboa.


O projeto tem como iniciativa ressaltar o papel do caminhoneiro na sociedade atual, trazer à cena cultural brasileira os motoristas e valorizá-los como um grupo social e contribuir para o aprofundamento da discussão e produção do registro imagético sobre os caminhoneiros.


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Fotos de Melina Resende e Ricardo Ferreira.


Ricardo Ferreira é fotógrafo desde 1996, e dá aula de processos fotográficos do séc XIX desde 1997. Leciona atualmente no Senac-SP. Tem outros dois livros publicados: "Embu", de 2003, e "Cubatão", de 2005. Além disso, tem exposições individuais e coletivas diversas. Atua também como laboratorista preto e branco desde 1995 e pesquisador de processos analógicos e digitais.


Melina Resende é fotógrafa graduada pela Faculdade Senac SP, com pós-graduação em Fotografia - Linguagem e Expressão, pela Universidade Cândido Mendes. Tem fotos publicadas no livro "Povos de São Paulo", e participou de diversas exposições coletivas, tais como "Caixa Preta", no MIS de São Paulo, "DiverCidades", no FotoRio 2007 e "Uma Centena de Olhares Sobre a Cidade Antropofágica", na Galeria Olido, em São Paulo. É também vendedora do rally fotográfico "FotoCross" em 2005, e do concurso "Cafés do Brasil", em 2003. Atua não só como fotógrafa, mas também como professora, arte-educadora e produtora cultural.


Você pode conhecê-los melhor aqui: Melina Resende - Multiply, Ricardo Ferreira - Multiply, Ricardo Ferreira - Flickr


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sexta-feira, 20 de março de 2009

War Photographer

Sobre o assunto do papel da fotografia nas guerras, recomendo que vejam este documentário.


"A pior coisa é perceber que como fotógrafo, estou me beneficiando da tragédia de alguém. Essa idéia me assombra. É algo com que eu tenho que lidar todo dia, porque sei que se tivesse deixado a verdadeira compaixão ser substituída por minha ambição pessoal, eu teria vendido minha alma." - James Natchwey


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O papel da fotografia nas guerras

Com o advento da fotografia, muito do mundo mudou, e se você parar para pensar, coisas que não eram vistas normalmente, ou somente através de pinturas, passaram a circular, e a comunicação passou a ter novas fontes de informação. Por um tempo, a fotografia foi vista como substituta da pintura, e a pintura teve que se reinventar. Basta bater as datas da invenção da fotografia, derivada das câmaras escuras da Idade Média, incrementada com química e paciência para pesquisar como "colar" uma imagem em uma superfície, e comparar com as datas dos movimentos de arte que surgiram em sequência.


A pintura era muito usada para retratar famílias, pessoas importantes, imagens sem muito comprometimento com o real ou mesmo sem a precisão do real, e com o advento da fotografia, passou a ser relegada a um segundo plano, a partir do momento que a técnica e tecnologia da fotografia não exigiam mais que alguns momentos para mostrar uma realidade muito maior que a pintura em tela. Cada fotografia é uma exposição de tempo, um fragmento do tempo suspenso e fixado em um suporte. Este tempo é sempre o presente.


O mesmo aconteceu com a guerra. A guerra era retratada de maneira heróica em pinturas, e não mostrava toda a realidade que acontecia no campo de batalha. Havia a dramatização da pintura, e a obra dependia exclusivamente do autor e sua motivação para tomar seu destino.


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Guerra Civil Americana. Autor não identificado.


A fotografia em guerra passou levar as pessoas uma outra realidade, não heróica, mas cruel, mostrando o que de fato era uma batalha, e como as coisas aconteciam no campo. A realidade perturbadora do que era uma guerra nunca havia chegado de fato ás pessoas, e talvez elas nunca tenham se dado conta do horror disso.


É fato que isso mudou com o advento da fotografia. Fotógrafos registravam a realidade independentemente do que acontecia. Continua, claro, a depender do que o autor quer registrar, mas as cenas não eram alteradas, dramatizadas da mesma forma que a pintura. A realidade passa a ser palpável. Não eram sujeitas á interpretação do autor, pois eram reflexo e registro do real. Milhares de pessoas morriam em uma guerra, a destruição era real, mas não era palpável á população.


Com isso, o horror da guerra foi mostrado a todos. Desde a Primeira Guerra Mundial, até a recente guerra da Bósnia, passando por rebeliões, revoltas civis, tudo é registrado e mostra ao mundo o horror da guerra, e tudo que acontece em um campo de batalha. A mente humana parece que funciona em choque, pois após isso, muito do que se pensa sobre guerras mudou.


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Crianças vietmanitas fogem de um ataque de bombas de napalm. Foto de Nick Ut, 1972.


Em 1985, pouco antes de se tornar membro da Agência Magnum, James Natchwey escreveu o seguinte, sobre a relevância de seu trabalho como fotógrafo de guerra:


Por que fotografar guerras?


Sempre houveram guerras. Uma guerra está explodindo neste exato momento no mundo. E há uma pequena razão para acreditar que essa guerra irá terminar no futuro. Quando o homem começou a ficar cada vez mais civilizado, seus meios de destruir o próximo ficaram cada vez mais eficientes, cruéis e devastadores. É possível pôr um fim a um comportamento humano que existe através da história por meio da fotografia? As proporções parecem ridiculamente desproporcionais. Ainda assim, essa idéia me motivou.


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Foto de James Natchwey.


"Todo o tempo em que estava lá, eu quis ir embora. Não queria ver isso. Poderia desistir e ir embora, or poderia lidar com a responsdabilidade de estar lá com a minha câmera". - James Natchwey


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terça-feira, 17 de março de 2009

Robert Capa

Húngaro, nascido em 1913, Robert Capa se notabilizou por ser um dos mais importantes fotógrafos de guerra de todos os tempos. Presente em muitos conflitos da primeira metade do século XX, começou sua carreira em 1931, após se exilar na Alemanha, saindo da Hungria após ser fichado por associações com a esquerda ainda no secundário.


Em Berlim, estuda ciências políticas e entra para a Deutscher Photodienst, tida como a maior agência de fotojornalismo alemão da época.


Judeu, com o aparecimento do nazismo em 1932, teve novamente que sair de um país, indo para Viena e Paris. Em 1934 conhece Gerda Taro, uma refugiada alemã, e cria com a ajuda dela seu pseudônimo sob o nome de Robert Capa, que teoricamente seria um renomado fotógrafo americano, recém chegado à Europa, conseguindo assim notoriedade imediata. Se juntou à ela, também fotógrafa, para fotografar, em 1936, a Guera Civil Espanhola, se mudando para o país.


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Robert Capa, por Gerda Taro.


Gerda Taro morre em 1937, no fronte de batalha, aos 27 anos, sendo enterrada na França, com honras de heroína republicana. É atualmente um símbolo do fotojornalismo, apesar do curto tempo de trabalho, devido a seu significado para a profissão e sua vida.


Já em 1938, Capa fotografa o conflito sino-japonês, na China, só retornando à Espanha em 1940, indo logo em seguida para o Estados Unidos, onde começa a trabalhar na conceituada revista Life.


Em 6 de junho de 1944, às 6:30hs da manhã, em um dia nublado, chuvoso e complicado, fez um de seus maiores trabalhos, desembarcando junto com as tropas na Normandia, no chamado Dia D da Segunda Guerra Mundial. Essa batalha já foi retratada em inúmeros filmes, livros e até jogos de videogame, e é considerada uma das batalhas chave da Segunda Guerra, com mais de 4000 mortes . Muitas das fotos feitas neste dia foram perdidas, porém o registro da batalha foi feito e algumas fotos sobreviveram ao tempo, mostrando o horror da guerra, direto do front para as revistas e jornais.


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Omaha Beach, Normandia, França.


Anos depois, em 1947, com David Seymour, Cartier-Bresson e George Rodger, fundou a agência Magnum, em Paris, e com o sucesso da empreitada, outros cinco fotógrafos se juntaram à agência: Ernest Hass, Werner Bischop, René Burri, Inge Morath e Cornell Capa, irmão de Robert. A agência é considerada a mais importante de todos os tempos no fotojornalismo, e criou as bases para o formato de várias outras agências pelo mundo, inclusive no Brasil.


Disse um dia: "Se suas fotos não estão boas o suficiente, é porque não está perto o suficiente". Talvez estivesse seguindo esse ideal, quando em 25 de maio de 1954, durante sua cobertura da Guerra da Indochina, da qual foi voluntariamente. Morreu ao pisar em uma mina, e foi achado ainda com a câmera em mãos, com as pernas dilaceradas pelo incidente.


Em 1955, um ano após sua morte, foi criado pela revista Life e o Overseas Press Club o prêmio Robert Capa "para exímios fotógrafos com coragem e atuação excepcionais no exterior". Em 1974, com o objetivo de manter vivo o trabalho de seu irmão e outros fotojornalistas, Cornell Capa criou o International Center For Photography, na cidade de Nova York.


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Morte de Um Soldado Legalista (1936)


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terça-feira, 10 de março de 2009

sexta-feira, 6 de março de 2009

Fando Y Lis - Um diálogo e uma cena

–Juguemos. Si yo soy un gran pianista.
–Si eres un gran pianista, y te corto un brazo... ¿Qué haces?
–Me dedico a pintar.
–Si eres un gran pintor, y te corto el otro brazo... ¿Qué haces?
–Me dedico a bailar.
–Si eres un gran bailarín y te corto las piernas... ¿Qué haces?
–Me dedico a cantar.
–Si eres un cantante y te corto la garganta... ¿Qué haces?
–Como estoy muerto, pido que con mi piel se fabrique un tambor.
–Y si quemo el tambor... ¿Qué haces?
–Me convierto en una nube que tome diferentes formas.
–Si la nube se disuelve... ¿Qué haces?
–Me convierto en lluvia, y hago que crezca la hierba.
–¡Ganaste! Me sentiré muy solo el día que no estés.
–Si algún día te sientes solo, busca la maravillosa ciudad de Tar.



Fando Y Lis (1968)

Realizado pelo diretor chileno Alejandro Jodorosky e baseado em uma peça teatral de Fernando Arrabal, Fando Y Lis conta a história do casal do título, onde Fando é namorado de Lis, que é paraplégica. Ele a carrega em um carrinho, e estão a procura da cidade mística de Tar, onde, segundo a lenda, todos os seus desejos se tornariam realidade. Durante o caminho seco, deserto e arenoso, encontram com vários personagens e se deparam com situações completamente inesperadas.


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Recheado de cenas metafóricas e surrealistas, ilusões e melancolia, e carregado de simbolismos, o filme trata do amor, do relacionamento, em busca de um paraíso inalcansável, todo calcado em alegorias, claramente inspirado e influenciado pelo cinema de Buñuel.


Uma curiosidade sobre o filme é que ele foi todo filmado no México, onde o filme causou uma controvérsia enorme, e o diretor chegou a ser ameaçado de morte e quase foi espancado.


Se teve interesse, pode conseguir assitir esse filme aqui.


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Pelas Ruas

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domingo, 1 de março de 2009

Duane Michals no Contacts

Aqui tem um video de 15 minutos sobre o trabalho do Duane Michals, sobre quem falei em um post dias atrás. Essa série de onde tiraram o video do Duane Michals se chama Contacts, e é composta por 3 DVDs, onde vários filmes de 15 minutos contam a história de inúmeros fotógrafos de todos os gêneros. Foi com este documentário que conheci o trabalho do Araki, fotógrafo japonês que com certeza vai ser tema de um futuro post.


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What Ever Happened to Baby Jane? (1962)

Baby Jane Hudson é uma estrela infantil, com produtos com seu nome sendo lançados a todo momento, shows lotados, enquanto Blanche, sua irmã, viva à sombra de sua fama. Pouco depois, quando adultas, Baby Jane Hudson está condenada ao ostracismo, enquanto, ironicamente, sua irmã Blanche se transforma em uma estrela do cinema. Saltando mais um pouco no tempo, quando ambas estão quase idosas, Blanche é forçada a viver em uma cadeira de rodas, paralítica, por causa de um acidente de carro, dependente de sua irmã para todos os tipos de cuidados especiais, enquanto Baby Jane começa cada vez mais a se apegar ao passado e pouco a pouco mostrar uma nova face a sua irmã.


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Suspense dramático, fatalmente entra em minha lista de melhores filmes de todos os tempos, onde Bette Davis e Joan Crawford travam quase um duelo, onde a atuação das duas é a arma principal. Muitos consideram a atuação de Bette Davis como uma das melhores de toda sua carreira, e não há como negar que as duas atrizes contracenando tomam para si toda a atenção. A história colabora, fazendo o epectador ficar preso á cadeira até o último minuto.


Uma curiosidade a respeito do filme é que Bette Davis e Joan Crawford realmente não se davam bem fora das telas. Bette Davis chegou a colocar uma máquina de Coca-Cola no estúdio onde o filme era feito, só para irritar Joan Crawford, que na época era uma das diretoras da Pepsi. Em cena, Bette Davis chuta de verdade Joan Crawford, enquanto Joan Crawford acrescentou pesos á sua roupa, em uma cena onde Bette Davis devia carregá-la, pois era paralítica. Assistindo ao filme, com uma verdadeira competição entre as duas personagens, e sabendo dessas curiosidades, você consegue entender de certa maneira o porquê de atuações tão perfeitas.


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Se alguém se interessar, e recomendo que se interessem muito, o torrent do filme é esse.


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